domingo, 27 de outubro de 2013

Uma Dinastia Comunista na Republica Popular da Coreia do Norte



Um breve retrospecto a milhares de anos da história coreana revela triunfos e tragédias, sucessos e conflitos que deram forma à Coreia de hoje. 
De um modo geral, cada um dos reinos e dinastias coreanas durou cerca de 500 anos ou mais. 
Embora a história escrita coreana começasse muito mais cedo do que o século VII, foi com a unificação dos Três Reinos pela dinastia Silla em 668 que a Coreia, como uma entidade histórica com a cultura e a sociedade coesas, veio ocupar a maioria da região da península como ainda hoje existe.
Antes do período unificado de Silla (668-935) havia o período dos Três Reinos o qual acabou quando Silla conquistou o Reino de Baekje (18 A.C. - 660 D.C.) e o reino de Goguryeo (37 a.C. - 668 d.C.). 
A Dinastia Goryeo (918-1392) que seguiu, testemunhou o florescimento do Budismo, que tinha chegado na Coreia durante a era dos Três Reinos. 
O período de Goryeo é bem conhecido internacionalmente não só pela sua cerâmica marchetada azul-acinzentada, mas também pela invenção da primeira tipografia de metal móvel do mundo. 
Com o estabelecimento da nova dinastia Joseon do general Yi Seonggyeo (1392-1910) o Confucionismo torna-se a filosofia nacional dominante até o domínio colonial forçadamente imposto pelo Japão (1910-1945).
Na Conferência de Ialta, feita em fevereiro de 1945, foi acertado que o país entraria para a "zona de influência" soviética, em troca do apoio destes na guerra contra o Japão.
Ao fim da Segunda Guerra Mundial, o Exército vermelho ocupou boa parte do norte da península coreana, como havia sido acertado em acordo com as potências ocidentais e em 26 de agosto de 1945, mas detiveram seu avanço no paralelo 38 e esperaram a invasão americana no sul do país.
Em 10 de agosto de 1945, com a derrota japonesa próxima, os americanos duvidavam se os soviéticos iriam honrar os acordos da ocupação da Coreia. Um mês antes, os coroneis Dean Rusk e Charles H. Bonesteel III dividiram a península no paralelo 38, assegurando-se que a zona sul tivesse pelo menos dois grandes portos. 
Rusk teria justificado o local da divisão no paralelo 38 pois "caso a União Soviética violasse o acordo, a área ocupada pelo exército vermelho estaria ao alcance rápido das forças americanas, era importante colocar a capital da Coreia sob responsabilidade do exército dos Estados Unidos". 
Os soviéticos aceitaram a demarcação das zonas de ocupação americanas, já que seu foco estava nas negociações com o ocidente sobre como ocupar o leste da Europa e também porque eles aceitariam a rendição japonesa nos termos dela. 
Na Conferência de Potsdam (julho–agosto de 1945), os Aliados decidiram, unilateralmente, dividir a Coreia sem consultar o povo coreano. 
Em 8 de setembro de 1945, o general americano John R. Hodge chegou em Incheon para aceitar a rendição japonesa no sul do paralelo 38. Apontado como governador militar, Hodge assumiu total controle sobre o sul da Coreia.
Em dezembro de 1945, a Coreia era administrada por uma Comissão Americano-Soviética, como acertado na Conferência de Moscou, ainda naquele ano. 
Os coreanos foram excluídos de todas as negociações sobre o futuro do país. A comissão decidiu dar independência a península coreana em 1950, depois de cinco anos de ocupação e de esforços para inclinar a população das zonas ocupadas as ideologias defendidas pelas forças estrangeiras de ocupação ao norte pelo comunismo e ao sul pelo capitalismo. 
A população coreana se revoltou contra tais determinações. No sul, foram reportados enormes protestos nacionalistas e alguns grupos políticos passaram a pegar em armas.
Em 1946 as greves assolaram o país inteiro, além de protestos nas grandes cidades. A desordem civil foi forte durante todo este ano e conduziu a vários levantes populares. 
Em 1 de outubro de 1946, a polícia matou três estudantes durante uma revolta em Daegu. Manifestantes armados passaram então a visar a policia, matando 38 oficiais de segurança. 
Em 3 de outubro, cerca de 10 mil pessoas atacaram uma delegacia de polícia em Yeongcheon, matando 3 policiais e ferindo outros 40. 
Cerca de 20 proprietários de terra e coreanos suspeitos de serem simpatizantes da antiga ocupação japonesa também foram mortos. 
As forças de ocupação americanas decidiram então decretar lei marcial. 
Em 3 de abril, uma grande revolta explodiu na Coreia (a Insurreição de Jeju), que terminou com cerca de 60 mil pessoas mortas.
Em 10 de maio de 1948, a Coreia do Sul convocou sua primeira eleição nacional, a que os soviéticos se opuseram. 
Em 25 de agosto, foi a vez da Coreia do Norte ter eleições gerais.
O governo formado no sul após as eleições tinha uma dura linha anti-comunista e aprovou sua nova constituição em 17 de julho de 1948, elegendo o presidente, Syngman Rhee, em 20 de julho. 
As eleições foram violentas e pelo menos 600 pessoas morreram durante o processo. 
A República da Coreia (no sul) foi formalmente estabelecida em 15 de agosto de 1948. 
Na zona de ocupação soviética, o novo governo comunista passou a ser chefiado por Kim Il-sung. O regime do presidente Rhee expulsou os comunistas das políticas do sul. Muitos fugiram para as colinas e pegaram em armas para lutar contra o governo de Seul.
Ambos muito nacionalistas, Syngman Rhee e Kim Il-Sung tinham intenções de reunificar a Coreia sob seu próprio sistema de governo. 
O Norte recebia apoio incondicional da União Soviética e da China. Tiroteios e confrontos nas fronteiras (que passaram a ser militarizadas) se tornaram comuns. 
A Coreia do Sul era tremendamente limitada em materiais e recursos.
Durante essa período, o governo americano presumiu que os comunistas (independentemente da nacionalidade) eram diretamente controlados ou influenciados por Moscou. Assim, os Estados Unidos viam a guerra civil na Coreia como uma manobra de hegemonia por parte dos soviéticos.

No fim de 1948, os soviéticos retiraram seus exércitos do norte, como era previsto nos acordos feitos com o ocidente. 
Tropas americanas se retiraram do sul em 1949, deixando as forças militares sul-coreanas despreparadas e mal armadas, ao contrário dos vizinhos do norte que estavam fortemente armados com equipamentos russos.
No começo de 1950, Kim Il-sung viajou para Moscou e para Pequim à procura de apoio para a guerra iminente. 
A União Soviética ficou bastante envolvida com a militarização da Coreia do Norte e seus planos para uma ofensiva contra o sul.
Meses antes dos primeiros ataques do Norte, a Agência de Inteligência americana notou uma enorme mobilização militar por parte do forças armadas da Coreia do Norte, mas pensou que era apenas uma "medida defensiva" e concluiu que uma invasão era "improvável".
Com o objetivo de retaliar supostas pequenas incursões de soldados do sul na fronteira, o exército norte-coreano cruzou a fronteira do paralelo 38, com a proteção de artilharia pesada, em 25 de junho de 1950, dando início a Guerra da Coreia.
Após três anos de guerra, entre março e julho de 1953, perto de Cheorwon, forças norte-coreanas, chinesas, americanas, sul-corenas e de outros países das forças da ONU se combateram em uma sangrenta batalha que acabou em um impasse estratégico e com a morte de mais de 2 mil soldados.
Enquanto nenhum dos dois lados era capaz de vencer uma batalha decisiva sobre o outro, as negociações, que já se prosseguiam há quase 24 meses, continuavam.
O Comando das Nações Unidas, apoiado pelos Estados Unidos, a Coreia do Norte e o Governo chinês finalmente assinaram os termos do armistício em 27 de julho de 1953. 
Este acordo decretou um cessar-fogo imediato e garantias do status quo ante bellum. 
A guerra oficialmente acabou neste dia, porém, até os dias atuais, nenhum tratado de paz foi firmado entre as duas Coreias. O Norte, contudo, alega que venceu a guerra.
Os termos do armistício acertou uma comissão internacional para assegurar que o acordo fosse cumprido. 
Desde 1953, a "Comissão de Supervisão da Neutralidade das Nações" (NNSC), composta por membros das forças armadas da Suíça e da Suécia, monitoravam a zona desmilitarizada.
Desde 1950 que a República Popular da Coreia do Norte, por influência ideológica comunista da antiga União Soviética e da China, mantem no poder uma curiosa Dinastia Comunista. Kim Il-sung que foi o lider da Coreia do Norte de 1948 a 1994, Kim Jong-il filho de Kim Il-sung, sucedeu o pai como Querido Líder de 1994 a 2011 e Kim Jong-un filho de Kim Il-sung, que assumiu em 2011 como Grande Sucessor. 
Numa comparação desta dinastia comunista com monarquias, podemos afirmar que sem dúvida é um regime absolutista.
É curioso pois a doutrina comunista, mesmo esta variante coreana chamada de juche, prega que o poder pertence ao partido que representa a vontade do povo. 
Na Coreia do Norte o poder estará sempre nas mãos desta dinastia que governa com mão de ferro e certamente não vai passa-lo ao povo ou a alguma liderança do Partido dos Trabalhadores da Coreia.

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